Bullying - Conheça mais sobre esse problema
Entenda esse problema que atinge cada vez mais crianças (e adultos) e pode desencadear transtornos emocionais, físicos e sociais
“O Bullying caracteriza-se por todo e qualquer tipo de comportamento agressivo, seja verbal ou não-verbal (incluem-se as agressões físicas), praticado por uma pessoa ou grupo, de forma intencional e repetida, contra alguém, com o intuito de intimidar, ameaçar, discriminar, sendo a vitima desse assédio, em geral, incapaz de defender-se”, explica a psicóloga clínica Rita Romaro.
Na Mochila: Apelidos podem ser considerados uma forma de bullying?
Rita Romaro: Todas as agressões verbais, como apelidos pejorativos, ameaças, discriminações, exposição ao ridículo, etc., bem como agressões físicas (não importando a intensidade), desde que realizadas contra iguais e como tentativa de intimidação, podem ser caracterizadas como Bullying.
Na Mochila: Quais os efeitos dessas agressões para a vítima?
Rita: Tanto as verbais como as físicas trazem efeitos avassaladores, sendo que as físicas, em casos extremos, podem até levar à morte. O bullying pode ser associado à evasão escolar, à interrupção de uma atividade física ou recreativa de que a criança goste, ao abandono de emprego no caso de adultos, dentre outras consequências sociais, físicas e psicológicas.
Na Mochila: Os efeitos podem demorar a serem superados?
Rita: Os efeitos psíquicos são duradouros, uma vez que diminuem a auto-estima e aumentam a ansiedade, a insegurança, o sentimento de exclusão, os riscos de depressão, e que podem acabar suscitando raiva, ódio, desejo de vingança, e ser a porta de entrada para outras psicopatologias, entre elas o consumo de álcool e drogas.
Na Mochila: Existem crianças mais suscetíveis ao bullying?
Rita: A criança vítima de bullying em geral é insegura e destaca-se por algo: ou é muito estudiosa, muito inteligente, muito bonita (quaisquer qualidades ou habilidades que despertem inveja), ou usa óculos, é muito magra ou gorda, etc., mas frente à agressão não sabe defender-se, e acaba assumindo o papel de bode expiatório, de saco de pancadas da turma.
Na Mochila: Pais e educadores podem identificar algo no comportamento que indique que a criança está sendo vítima de bullying?
Rita: Quando a criança se isola, se retrai, não quer sair para o intervalo, apresenta medo no olhar, por vezes chora, é melhor ter atenção, observá-la nos intervalos e na sala de aula. Outros indícios são a queda no rendimento escolar, ausências repetidas à escola, o pedido (às vezes até suplicante) para faltar às aulas, acidentes recorrentes na escola e até marcas (arranhões e hematomas) no corpo.
Na Mochila: As crianças têm dificuldade para externar as agressões?
Rita: A criança verbalizar o que ocorre é um ato de coragem, que em geral lhe falta pelo temor de represália que pode vir a sofrer do grupo de agressores. Uma das formas mais adequadas é conversar com pais e educadores para que estes tomem uma medida eficaz que faça cessar as agressões.
Na Mochila: E o que fazer quando não há diálogo com os pais dos agressores e a escola também não consegue conter as agressões?
Rita: Não devemos nos esquecer que em nossa sociedade é comum ouvirmos frases como: “Filho meu não leva desaforo para casa”. “Homem quando apanha tem que bater”. Mas o que pode um garoto sozinho contra uma turma? E qual turma é essa, seria composta de pessoas com transtorno de conduta? Por vezes um caminho adequado é trocar a criança de escola e colocá-la em psicoterapia.
Fonte: Revista NA MOCHILA
