Saiba como encontrar equilíbrio no uso das tecnologias na vida das crianças

Se os seus passeios em família estão vinculados a lugares que tenham wi-fi, o celular ou tablet (com a bateria carregada!) se tornou item essencial antes de sair de casa com seus filhos e uma das formas de deixá-los quietinhos, se entretendo com algum jogo ou filminho enquanto você trabalha ou realiza alguma atividade… está na hora de rever seus conceitos. Problemas como obesidade, sedentarismo, dificuldades para dormir ou para se socializar, ansiedade, dificuldade de concentração ou transtornos de alimentação são queixas cada vez mais comuns nos consultórios dos pediatras.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou um manual de alerta aos pais sobre a importância do estabelecimento de limites em relação ao uso das tecnologias pelas crianças. Após anos de estudos, o material traz indicações importantes para garantir o bem-estar dos pequenos, definindo a conectividade como algo que deve ser lidado com moderação.
Alerta ligado
Veja as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria de acordo com cada faixa etária:
Até 2 anos: a criança não deve ser exposta de forma passiva aos aparelhos eletrônicos, principalmente durante as refeições (pois interferem nos hábitos alimentares) e duas horas antes de dormir (interferindo na qualidade do sono).
De 2 a 5 anos: tempo de exposição limitado a uma hora por dia, com cuidado redobrado quanto à sua segurança.
Até 10 anos: é preciso que o acesso seja controlado para que não haja abuso nas horas de uso. Evite o uso de TV ou computador no quarto da criança.
O manual está disponível para download no site da SBP (www.sbp.com.br) gratuitamente.
Ao ar livre
“É importante ter em mente que os exercícios físicos nas crianças ajudam no desenvolvimento das capacidades motoras, assim como no metabolismo e capacidade cardiopulmonar, evitando o desenvolvimento de diversas doenças”, indica Silvana Vertematti, cardiopediatra e médica do esporte infantil do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, em São Paulo (SP).
Detox digital
Você já deve ter ouvido falar sobre dieta detox ou algo do tipo. São cardápios que prometem desintoxicar o organismo de impurezas que acumulamos com uma má alimentação. A sobrecarga de tecnologia gerada pelo bombardeio on-line por todos os lados chamou a atenção dos pais Leandro Crespo e Daniel Paccini, criadores do Portal 4Daddy (www.4daddy.com.br), um espaço virtual dedicado ao empoderamento dos pais sobre maneiras mais humanas de criar os filhos. Em parceria com a coach de pais e filhos Jacqueline Vilela, o portal lançou, no final de 2016, a campanha Detox Digital, com ações práticas para o dia a dia, tanto para os pais quanto para os filhos se desintoxicarem do excesso de tecnologia.
A ideia da campanha era de mudar comportamentos dentro de casa. Entre as dicas da especialista, estava a substituição dos games eletrônicos por brincar com Lego, andar de bicicleta, pular corda, andar de skate, patins e muito mais. Segundo Jacqueline, os pais precisam pensar em alternativas à tecnologia, reforçando a convivência familiar.
E a segurança?
Ao alcance de um click, fica-se vulnerável a acessos inadequados para a idade dos jovens ou a ações de pessoas mal intencionadas, como pedófilos. Por isso a importância de pais e cuidadores acompanharem de perto a vida digital das crianças.
Algumas atitudes básicas, de acordo com a especialista são: se interessar pelos termos que as atrai; verificar a classificação indicativa de games e sites; orientar sobre não fornecer, sob qualquer hipótese, informações sobre sua rotina (nome da escola, endereço, profissão dos pais etc.); não interagir com estranhos (ressaltando que na internet qualquer um pode se fazer passar por qualquer um); não ofender, curtir, comentar ou compartilhar ofensas e mostrar-se disponível para ajudar quando algo lhe parecer estranho ou incômodo.
Em números
– 80% da população entre 9 e 17 anos tem acesso à internet;
– 11% desse grupo se conectou pela primeira vez antes dos 6 anos;
– Celulares são os principais meios de acesso on-line;
– Mais da metade dos pais nada ou pouco sabem dos conteúdos que seus filhos acessam;
– 40% dos jovens já foram descriminados alguma vez nas redes sociais;
– 20% já sofreram algum tipo de cyberbullying.
